Até que durou muito. Um ano e cinco meses foi o tempo de casório entre Ronaldinho e Flamengo, num dos acontecimentos mais pitorescos da história do futebol brasileiro.
Após um leilão feito por Assis, irmão e empresário do atleta, com Grêmio, Flamengo, Corinthians, Palmeiras, e mais um seleto grupo de clubes, o craque desembarcou no Rio de Janeiro para atuar pelo rubro-negro cercado de euforia, papagaios de pirata e muita festa, com direito a gritaria do Ivo Meirelles em sua apresentação e tudo o mais.
Deu certo? Em algum momento podemos dizer que sim, já que ajudou a levar o Flamengo a uma Libertadores (tudo bem que saiu de maneira ridícula), a uma disputa de artilharia do Brasileirão, e a um título do Campeonato Carioca, além de voltar em convocação para Seleção Brasileira. Ao todo foram 22 gols em 74 jogos.
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| Desmotivação versus Pressão Familiar. Dilema de Ronaldinho. |
O problema de Ronaldinho é outro. Ou os problemas são outros. O jogador pede na Justiça mais de 40 milhões de reais em vencimentos atrasados. O Flamengo, por sua vez, alega indisciplina recorrente do astro. Esse é apenas um dos pontos.
O vetor de tudo que acontece é uma questão motivacional. Há dois anos um grande amigo empresário, amigo também de Assis e de Ronaldinho, se hospedou na residência do jogador em Milão, quando Ronaldinho jogava pelo Milan. Numa ocasião, Assis - e mais posteriormente o próprio atleta confirmaria - teria revelado que o problema do irmão era vontade irrestrita de parar de jogar. "Cansei, tá muito chato", teria dito o craque.
E o motivo para que não parasse? A pressão familiar e a consciência. Rico, famoso e desmotivado, Ronaldinho luta diariamente para ficar ativo no futebol contra sua vontade. A família, principalmente sua mãe, o obriga invarialvelmente a continuar trabalhando. Possivelmente com medo do filho se perder. Assis também endossa o coro da matriarca. Este é o fio de esperança que segura e equilibra o ex-ídolo do Barcelona no picadeiro do futebol.
Assim, a vida do Ronaldinho segue, aos trancos e barrancos. Manchando uma trajetória de grandes conquistas e glórias. Enquanto houver esse dilema, haverá sempre divórcios na vida do pentacampeão.





