quinta-feira, 31 de maio de 2012

Litígio previsto

Até que durou muito. Um ano e cinco meses foi o tempo de casório entre Ronaldinho e Flamengo, num dos acontecimentos mais pitorescos da história do futebol brasileiro.

Após um leilão feito por Assis, irmão e empresário do atleta, com Grêmio, Flamengo, Corinthians, Palmeiras, e mais um seleto grupo de clubes, o craque desembarcou no Rio de Janeiro para atuar pelo rubro-negro cercado de euforia, papagaios de pirata e muita festa, com direito a gritaria do Ivo Meirelles em sua apresentação e tudo o mais.

Deu certo? Em algum momento podemos dizer que sim, já que ajudou a levar o Flamengo a uma Libertadores (tudo bem que saiu de maneira ridícula), a uma disputa de artilharia do Brasileirão, e a um título do Campeonato Carioca, além de voltar em convocação para Seleção Brasileira. Ao todo foram 22 gols em 74 jogos. 

Desmotivação versus Pressão Familiar. Dilema de Ronaldinho.




O problema de Ronaldinho é outro. Ou os problemas são outros. O jogador pede na Justiça mais de 40 milhões de reais em vencimentos atrasados. O Flamengo, por sua vez, alega indisciplina recorrente do astro. Esse é apenas um dos pontos.

O vetor de tudo que acontece é uma questão motivacional. Há dois anos um grande amigo empresário, amigo também de Assis e de Ronaldinho, se hospedou na residência do jogador em Milão, quando Ronaldinho jogava pelo Milan. Numa ocasião, Assis - e mais posteriormente o próprio atleta confirmaria -  teria revelado que o problema do irmão era vontade irrestrita de parar de jogar. "Cansei, tá muito chato", teria dito o craque. 

E o motivo para que não parasse? A pressão familiar e a consciência. Rico, famoso e desmotivado, Ronaldinho luta diariamente para ficar ativo no futebol contra sua vontade. A família, principalmente sua mãe, o obriga invarialvelmente a continuar trabalhando. Possivelmente com medo do filho se perder. Assis também endossa o coro da matriarca. Este é o fio de esperança que segura e equilibra o ex-ídolo do Barcelona no picadeiro do futebol.

Assim, a vida do Ronaldinho segue, aos trancos e barrancos. Manchando uma trajetória de grandes conquistas e glórias. Enquanto houver esse dilema, haverá sempre divórcios na vida do pentacampeão.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

América-MG: ame-o ou deixe-o

O Campeonato Brasileiro de 2011 terminou para o América-MG de uma maneira um tanto quanto honrosa, apesar do rebaixamento. A equipe nas últimas rodadas tirou pontos preciosos de times que galgavam posições nobres na tábua de classificação, e até ganhou o posto de "mais chato do Brasileirão". 

Começou 2012, ano do centenário do clube, perdendo algumas peças, como o lateral Marcos Rocha, que voltou para o Atlético-MG, mas subiu uma geração campeã brasileira sub-20, tendo o ala-esquerdo Bryan como destaque em potencial.

O técnico, Givanildo Oliveira, foi mantido e assim uma base permaneceu, com Neneca no gol; Gabriel, na zaga; Dudu, Leandro Ferreira e Rodriguinho, no meio-campo; Fábio Júnior e Alessandro, no ataque. E os frutos disso começam a aparecer. 

América-MG: time tem, resta saber se manterá a boa fase.
O vice-campeonato mineiro, desclassificando o Cruzeiro na fase semifinal com duas vitórias, é para enaltecer. Uma boa campanha de um time especialista a engrossar o caldo contra equipes "grandes". 

Assim, a Série B do América-MG se inicia da maneira mais previsível diante dos fatos: avassaladora. Três jogos, três vitórias convicentes. Foram contratados reforços pontuais, como o experiente meia Gilberto, que se encaixou bem na equipe. 

A trajetória do Coelho tem tudo para ser brilhante. TEM TUDO. O problema é que o América-MG é imprevisível em sua história. Sem dúvida é o melhor meio-campo da Série B, e talvez o melhor time realmente, o mais bem treinado. Mas não compadece de segurança, porque o americano já tem experiência de sobra para deixar as barbas de molho e só comemorar quando tudo acabar na 38ª rodada. 

Resta saber se o clube se tornará de vez um marco dentre os grandes participantes, ou ganhe o rótulo de elevador do futebol brasileiro.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Confiança extrema

Jogador de futebol é uma classe às vezes desunida, mas que quando quer ser corporativista é de ficar impressionado.

O ex-meia Ricardinho, pentacampeão mundial, que atuou por Corinthians, Santos, São Paulo, futebol europeu, teve uma passagem pelo Atlético-MG onde não foi tão feliz. Foi mandado embora junto com seus "seguidores" acusado de estar fazendo complô contra seu técnico na época, Dorival Júnior. 


Hoje, Ricardinho é treinador do Paraná Clube, na série B do Brasileiro, e levou consigo alguns de seus "seguidores" da época de Galo: o volante Zé Luiz e o lateral-esquerdo Fernandinho.

Resta saber se é confiança ou cumplicidade.

Tardelli e o Galo na Veia.

Vejo críticas à atitude do Tardelli por parte da torcida do Atlético. O jogador, ídolo do clube em 2009 e 2010, postou em seu twitter que fez o "Galo na Veia", programa de sócio-torcedor da instituição. 

Os desagrados começaram pelo fato de Tardelli ter saído do Atlético por uma proposta salarial quase 4 vezes maior feita pelo Anzhi, da Rússia, e assim acusando-o de ser "mercenário". Ora, não sejamos hipócritas a tal ponto de acharmos que não iríamos trabalhar em outro local por um salário muito melhor. A partir de que, a priori, jogador de futebol é PROFISSÃO, portanto, busca melhorias para sua carreira, como qualquer outra área no mundo.

Mas futebol vive do emocional. E aí começa a confusão.

Antes de ter amor a uma agremiação, ele tem que ter amor à sua família, à sua vida. Não se pode viver em função do clube. Mas se pode viver compartilhando o clube. É o que Tardelli faz. Tem muito atleticano que tem condição de pagar o sócio torcedor e diz que a vida é o Galo, e não paga por achar que há coisas mais importantes para se preocupar. Por quê então das críticas? 

Tardelli mostrando seu cartão. Onde haveria marketing aí?
Marketing? Não. Seria mais fácil ele fazer alguma ação com a torcida são-paulina ou flamenguista. Teria mais platéia. Mais repercussão.

O fato é que torcedores são bombardeados de notícias envolvendo jogadores saindo pela porta dos fundos do seu clube do coração que há sempre uma desconfiança em algumas atitudes legítimas. 

Tardelli quis sim ganhar o público, não há como negar. Mas UM ÚNICO PÚBLICO. Ele saiu do clube russo há quase 1 ano e está no futebol árabe desde então e não consegue desvencilhar deste carinho com o Galo. 

Custa acreditarmos na autenticidade de sua ação, ou vamos viver sempre nos conformando de que nada no futebol presta?

sexta-feira, 18 de maio de 2012

A fama perseguidora de Roth

A fama é às vezes uma inimiga da pessoa. Muita das vezes, quer dizer. E isso se encaixa no caso de Celso Juarez Roth. O treinador, recém-contratado pelo Cruzeiro, já carrega um pré conceito de que a retranca é seu maior trunfo. Uma coisa é saber de sua limitação técnica e saber tirar o limite do atleta. Outra coisa é ter peças ofensivas de qualidade e abdicar do ataque.

O que acontece com Roth é que ele sempre pega equipes limitadas, consegue fazer boas campanhas, mas como tudo no mundo extramemente limitado, uma hora o fim chega. E diante disso fica aquela imagem que o time era bom o suficiente para chegar mais longe. 

Roth chega ao Cruzeiro como gosta: tirar equipes do colpaso.
Roth é um treinador em que sua expertise é justamente times limitados. Sabe tirar o leite de pedra. Foi assim em várias equipes que passou. Inclusive, no Grêmio de 2008, montou uma equipe CONSIDERADA  limitada, e chegou ao vice-campeonato. E conseguiu revelar bons jogadores como Rafael Carioca, Carlos Eduardo, entre outros. 

No Vasco, em sua passagem, Roth deixou a equipe como melhor ataque do Brasileirão. No Atlético, em 2009, sequer correu risco de rebaixamento com um time que tinha no meio-campo Jonílson, Renan Índio, Márcio Araújo e Evandro. Só que no fim, a  limitação da equipe falava mais alto e ruía por completo. 

O estigma, talvez, seja culpa dele realmente. Por querer dirigir e montar times à beira do colapso. E, na maioria dos casos, há sucesso. E jogar na defesa não é o seu maior trunfo. Por muitas vezes é a necessidade. Quando você se sente acuado, inferiorizado, sabendo de suas dificuldades, a primeira atitude é se resguardar para não expor seus defeitos. É o que acontece. Mas muitas vezes imprensa, torcida e até dirigentes fazem questão de botar os óculos da ignorância e ver o que a ilusão indica.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Até quando vale o preço?


Forlán: Galo pagaria cerca de € 4 milhões por temporada.
A notícia do momento é Diego Forlán. O uruguaio, melhor jogador da última Copa, é um atleta dotado de talento e raça. Joga em um dos maiores clubes do planeta, tem status de astro da bola. Isso tudo parece que vem com receita de sucesso para qualquer equipe. Só que não é bem assim.

Ao contrário do que pudesse pensar, Forlán no seu pós-Copa de 2010, pegou o caminho adverso. Saiu do Atlético de Madrid e foi pra Inter de Milão, beirando seus 30 e poucos anos, terminado o auge da carreira. E assim fez-se a sombra. O resultado é que o uruguaio não joga ABSOLUTAMENTE NADA há 2 anos. A Inter fez uma campanha pífia no italiano e Forlán é tido como um dos maiores micos do clube nas últimas temporadas. Fora a bagatela de cerca de 6 milhões de euros por ano que o jogador recebe.

A bola da vez é o Atlético-MG. Isso seria impensável há meia década. Ainda é meio fora de cogitação na minha opinião. O clube tenta uma jogada de marketing, com vendas de camisas e projeção do nome no exterior. Mas estão contratando e dipostos a pagar uma fortuna ao Forlán de 2010, astro, ou o Forlán de hoje? Vale o risco do investimento, sendo que o Atlético precisa de sucesso a curto-prazo e não de decepção? Futebol ele tem de sobra, mas resta saber qual uruguaio o presidente Alexandre Kalil quer levar para Belo Horizonte.